Cinco passeios imperdíveis em Manaus

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Reserva confirmada em hotel de selva na Amazônia, passagens na mão, malas prontas e eis que bate a dúvida: o que fazer no intervalo entre o desembarque no aeroporto de Manaus e o check-in na hospedagem ou entre o check-out e o voo de retorno? Não precisa se preocupar porque opções não faltam. A capital amazônica tem vários pontos turísticos que vão fazer o tempo passar voando e podem até compensar estender um pouco mais a passagem pela cidade.

Pólo econômico de toda região Norte, Manaus foi fundada em 1669 e carrega em sua arquitetura a marca de importantes acontecimentos da história do Brasil. Os casarões espalhados pelo centro lembram um pouco da riqueza do Ciclo da Borracha e convidam os visitantes a voltarem no tempo, além de  concentrarem as principais atrações culturais e artísticas da cidade.  Há ainda paisagens naturais de tirar o fôlego sem precisar ir muito longe, já que a capital do Amazonas é praticamente um porto natural na confluência dos rios Negro e Solimões.

Então, anote cinco boas opções de passeios para aproveitar ao máximo a visita à capital amazônica antes de se embrenhar pela floresta. Se tiver dois dias livres – seja antes do check-in ou depois do check-out – dá para encaixar tudo no roteiro e turistar sem correria.

1 –  Largo São Sebastião: Teatro  Amazonas e Palácio da Justiça

O Largo de São Sebastião reúne grandes monumentos da história manauara, como a Igreja de São Sebastião, o Palácio da Justiça e o famoso Teatro Amazonas. O espaço foi totalmente revitalizado em 2005 e algumas ruas inclusive foram restritas para o tráfego exclusivo de pedestres. Então, é uma excelente pedida para city tour a pé.

Com seu tom rosado, o Teatro Amazonas domina a paisagem. O monumento foi erguido em 1881 para ser frequentado pela elite da belle époque, como ficou conhecido o período em que Manaus viveu a época áurea da borracha no final do século XIX.

O número de assentos é limitado, apenas 701 lugares, mas vale a pena fazer uma visita guiada para apreciar o luxo dos detalhes no interior, onde os barões da borracha assistiam espetáculos europeus no meio da selva amazônica. Hoje, a visitação com guia pode ser feitas das 10h às 17h e o preço é apenas R$ 10. Outra opção é dar uma olhada na agenda cultural para assistir um espetáculo na Casa de Ópera. Se der sorte, pode até encontrar atrações de dança e concertos de música gratuitos.

Atrás do Teatro, fica o Palácio da Justiça. Construído especificamente para atender às instalações do Poder Judiciário em 1900, o prédio hoje funciona como centro cultural e está aberto à visitação guiada, com exposições periódicas de artistas locais. Além de ter uma das fachadas mais bonitas de todo o centro histórico de Manaus, o interior guarda um  imponente hall de entrada que pode ser apreciado gratuitamente.

Nos arredores, é possível observar ainda Monumento de Abertura dos Portos, erguido em homenagem à abertura dos portos do Brasil para o comércio com outros países, e a Igreja de São Sebastião, construída em pedras em estilo medieval e com impressionantes pinturas no teto.

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Outra atração a alguns passos do teatro é o  Museu Casa Eduardo Ribeiro. O casarão restaurado já foi a residência do Governador Eduardo Ribeiro, responsável pela transformação de Manaus na “Paris dos Trópicos” durante o ciclo da borracha. O Museu recria com perfeição o ambiente de uma casa no final do século XIX, com todos os seus cômodos e móveis de época. Além disso, apresenta cópias dos desenhos de construção do Teatro Amazonas e apresenta a história e os projetos do ex-governador. O Museu ainda abriga saraus de música clássica durante alguns fins de semana, com entrada gratuita.

Fora as atrações históricas e culturais, há também muitas opções para provar a gastronomia do Amazonas. O Tacaca da Gisela fica na praça em frente ao Teatro Amazonas e  o Mundo dos Sucos está em uma das casas históricas restauradas na vizinhança, sendo possível admirar a vista da Ópera de Manaus. A Sorveteria Glacial é uma boa alternativa para refrescar no calor úmido da cidade e você pode pedir uma amostra grátis de qualquer um dos sabores regionais antes de fazer o pedido.

2 – Museu Paço da liberdade, praça da Polícia e palacetes

Antiga sede da Prefeitura, o Museu do Paço da Liberdade abriga pinturas, esculturas, poesia, móveis históricos e até vestígios arqueológicos encontrados no local. Trata-se de um dos prédios mais antigos da cidade e está em uma região que apresenta um pedacinho da Manaus bucólica e bem tratada da Belle Époque, com o coreto e o chafariz da praça Dom Pedro II e o conjunto pitoresco de casas coloridas da rua Bernardo Ramos, uma das mais antigas da cidade e que mantem os traços coloniais com o calçamento de paralelepípedos.

Ao redor, há outro importante prédio histórico: o Palácio Rio Branco, antiga sede da Assembleia Legislativa do Amazonas transformada em museu. Na região, ainda resistem as ruínas do Cabaré Chinelo,  onde foi comemorado o Réveillon de 1900, um dos principais marcos do Período Áureo da Borracha, quando o Amazonas era o principal exportador brasileiro.

A uma curta caminhada pela avenida Sete de Setembro, dá para avistar a praça da Matriz e o relógio municipal para fazer uns cliques antes de seguir para a Praça da Polícia. Construída em estilo inglês, a praça conta com diversas espécies vegetais da região amazônica, inclusive uma grande Sibipiruna que recebe iluminação especial à noite. Além de esculturas e chafarizes, o local conta com um belíssimo e centenário coreto que serve de palco para pequenos concertos de música clássica. No entorno, há três importantes construções históricas:

  • o prédio do Colégio Estadual D. Pedro II, principal instituição de ensino durante o ciclo da borracha;
  • Palacete Provincial, que abriga vários museus gratuitos em seu interior, desde a Pinacoteca do Estado até o Museu de Moedas;
  • e a Biblioteca Pública do Amazonas, que funciona em uma construção de estilo Belle Époque e encanta não só por fora, mas também pelo majestoso hall de entrada com uma bela escadaria metálica que conduz ao saguão superior.
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Nos arredores da praça, é possível encontrar boas opções para alimentação. Dentro do Palacete Provincial está situado o Café do Pina, uma lanchonete cuja decoração é inspirada nos bares de Manaus do século XIX. Aos domingos, eles também oferecem  um café-da-manhã regional. Outros restaurantes por ali são a Cantina Fiorentina Alemã Gourmet.

3 – Porto de Manaus e Mercado Adolpho Lisboa

Construído em estilo arquitetônico  Art Nouveau, o  Mercado Adolpho Lisboa foi totalmente restaurado e se destaca na paisagem à margem do rio Negro. O prédio em estilo europeu e rodeado por  gradis de ferro é herança da fase áurea do Ciclo da Borracha, sendo inclusive tombado como patrimônio nacional. Hoje o entorno não carrega tanto glamour, mas proporciona uma visão real da capital amazônica, onde a história retratada nos  prédios antigos convive ao lado das feiras e do ruidoso porto fluvial que  movimentam a economia atual da cidade.

Com 135 anos de idade, o mercado é a aposta certa para conhecer um pouco da cultura local e encontrar produtos regionais típicos, desde frutas e ervas medicinais a peças de artesanato para levar de lembrança. Nos 182 boxes, o visitante encontra até lanchonetes e pequenos restaurantes que vendem sanduíches, salgados, sucos, peixes e demais comidas caseiras.

Seja para um lanche ou apenas comprinhas de viagem, o visitante vai poder desfrutar de uma vista especial do rio Negro, especialmente no final da tarde. E se o passeio por lá for na última sexta-feira do mês, à noite o mercado vira palco para atrações culturais e apresentações de cantores regionais para aproveitar o cenário com uma ótima trilha sonora.

Se quiser esticar a andança pela região portuária, os amantes da história podem conferir as fachadas do antigo complexo boothline, onde no passado funcionava a sede da companhia de navegação marítima e o escritório da empresa de bondinhos de Manaus. Infelizmente, os imóveis não foram preservados e restam apenas as fachadas dos prédios que já marcaram o fervor econômico da cidade.

Na outra ponta da região portuária, em área mais afastada do mercadão, há também o Centro Cultural Usina Chaminé. Originalmente, o prédio foi construído apenas para ser uma estação de tratamento de esgoto, há mais de 100 anos. Hoje, o espaço abriga exposições permanentes e atividades culturais e musicais, com programações gratuitas para visitantes de todas as idades. Tem até um bondinho antigo no local para quem não resiste a uma foto.

4 – Largo Mestre Chico e Ponte Metálica Benjamim Constant

O Largo do Mestre Chico também está localizado no centro histórico da cidade e passou por um intenso processo de revitalização. O lugar antes era povoado por uma densa favela de palafitas, mas deu espaço a uma área de lazer, com quadras poliesportivas, trilhas para caminhada, ciclovia, parquinhos para crianças e diversos bares e lanchonetes.

Como principal atrativo do Largo, está a Ponte Benjamin Constant ou Ponte de Ferro, um cartão-postal da cidade. A estrutura corria sérios riscos de desabamento e foi restaurada para compor o novo visual da região.

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Outro destaque na área são para as fachadas à esquerda do Largo. De longe, parecem casas históricas. À medida que o visitante se aproxima percebe que são pinturas, feitas sobre o muro da centenária Cadeia Municipal Raimundo Vidal Pessoa e que garantem outros ótimos cliques do city tour por Manaus.

Com mais alguns passos, é possível chegar ao Museu do Índio e conhecer objetos da cultura de povos nativos brasileiros. Estendendo mais um pouco a caminhada de volta pela avenida Sete de Setembro, dá para fechar o roteiro com uma visita ao imponente Palácio Rio Negro. A mansão foi propriedade de um barão da borracha do séc. XIX e preserva a decoração e arquitetura da época, além de encantar os turistas com os jardins amplos e o um mirante que oferece vista privilegiada de Manaus e do tráfego das embarcações nas águas escuras do Rio Negro.

5 –  Encontro das águas 

Uma visita a Manaus não estaria completa sem aproveitar para ver de perto o Encontro das Águas do Rio Negro com o Solimões, dando vida ao gigante rio Amazonas. Todas as explicações nas aulas de geografia não se comparam com a sensação de estar no meio daquela imensidão de água, dividida em duas cores. Juro!

Chegar a um dos espetáculos naturais mais bonitos de Manaus é bem simples. Existem excursões de barco, com saídas diárias pela manhã do porto até o Encontro das Águas. É possível conferir com as próprias mãos a diferença entre os dois rios, que correm paralelamente por cerca de seis quilômetros sem se misturar  devido às características físico-químicas distintas. Além da separação entre as cores negra e marrom barrento, a temperatura da água também muda de um rio para outro. Do barco, você pode botar o braço para fora e fazer o teste.

O preço da excursão não assusta e tem um bom custo-benefício. O valor gira em torno de R$150 e o pacote geralmente inclui também almoço típico (bebidas à parte) em restaurante flutuante no meio do rio Amazonas , a experiência de interação com botos e visita a uma comunidade indígena. Na época da cheia, o roteiro ainda conta com passeio de canoa pelos igapós (floresta inundada) e uma visita a uma lagoa cheia de vitórias-régias. O tour termina por volta das 16h.

Se sobrar energia, dá até para seguir para a praia de Ponta Negra . O local conta com mirantes com vistas privilegiadas do Rio Negro, fonte de águas dançantes e a praia fluvial resistente ao regime de cheia das águas. Curtir o restinho de tarde na orla pode ser uma boa opção antes de seguir para o check-in no hotel de selva ou se preparar para o voo de partida.

Gisele Barcelos

Jornalista por profissão e planejadora compulsiva de viagens. A mesma dedicação que tenho para conseguir um furo de reportagem, também uso para pesquisar sobre novos destinos e roteiros. Amo compartilhar dicas para ajudar quem sonha começar uma aventura, mas não tem ideia de como planejar. Estou sempre em busca do próximo embarque, com uma mala tamanho P e uma playlist caprichada no celular.

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