Uma viagem pela Inglaterra de Harry Potter

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Não lembro exatamente quando o hábito da leitura me conquistou. Só sei que meu relacionamento com os livros começou cedo e permanecemos firmes até hoje. Confesso, porém, que não me interessei pelos clássicos no início. Os enredos juvenis da saudosa Coleção Vagalume me atraíram para as bibliotecas a princípio e depois é que fui tentada a me aventurar por narrativas mais complexas, aclamadas por gente grande.

Justamente por isso resolvi começar a série de posts sobre os roteiros literários com uma escritora novata e desbravar a Inglaterra que inspirou JK Rowling na criação do mundo mágico de Harry Potter. É fato que a obra gera controvérsia. Enquanto a trama encanta os fãs devotos do bruxinho, os leitores mais críticos olham para a história infanto-juvenil até com um pouco de desprezo.

Apesar disso, não há dúvidas que a autora conseguiu trazer a atenção de toda uma nova geração, viciada em telas vibrantes de celulares e computadores, novamente para as silenciosas páginas amareladas de um bom livro. Hoje, nos grupos de leitura, é comum até encontrar depoimentos de jovens que declaram em caixa alta que devem à escritora britânica o gosto cultivado pelo universo literário.

Por causa dessa contribuição, o trabalho de Rowling foi celebrado pela British Library no ano em que o primeiro livro completou 20 anos de lançamento. A data foi marcada pela exposição ‘Harry Potter: Uma História de Magia’, que destrinchou o embasamento teórico por trás da inspiração da escritora.

Nascida em Yate, na Inglaterra, Rowling teve a ideia de escrever a série Harry Potter enquanto estava num trem indo de Manchester para Londres, em 1990. Em um período de sete anos, Rowling vivenciou a morte da mãe, o nascimento da primeira filha, divórcio e uma crise financeira pessoal até finalizar o primeiro dos livros da saga, Harry Potter e a Pedra Filosofal, em 1997.

Antes mesmo de botar os pés em Hogwarts, o encontro entre o protagonista e a magia acontece bem no meio da capital britânica, no zoológico de Londres. O momento inclusive  está estampado na parede da ala dos repteis, onde Harry lançou – sem nem saber – um dos primeiros feitiços contra o primo Duda. O local foi utilizado na gravação do filme de estreia, mas hoje o tanque das cobras está vazio para ser preservado para posteridade (Sim, os ingleses levam a sério a criação de JK Rowling).

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Depois de descobrir que não era um trouxa, Harry dá o próximo passo da aventura e embarca para Hogwarts na plataforma 9 e ¾ da estação Kings Cross, uma das mais antigas do metrô de Londres. A arquitetura da estação ferroviária já é de encher os olhos e o local ainda reserva aos fãs a oportunidade de empurrar também o seu carrinho para atravessar a parede rumo ao trem que leva à escola de magia. Há inclusive fotógrafos de prontidão para registrar o momento épico e até oferecem acessórios como o cachecol na cor da sua casa preferida (Grifinoria rules!) para você sair bem no retrato.

De King’s Cross, ainda há a possibilidade de esticar até os estúdios da Warner Bros na Inglaterra e pular dos livros para os cenários onde a história ganhou vida nos cinemas. Não é um parque com várias opções de atividades interativas, mas você vai poder tirar fotos incríveis dentro da casa dos Dudley na Rua dos Alfeneiros, bisbilhotar a sala de Dumbledore e perambular pelo Beco Diagonal olhando as vitrines das lojas. Vale a pena!

A uma curta viagem de Londres, há também cidades como Oxford, Gloucester e Lacock que foram utilizadas como set de filmagem para a saga. A visita é uma ótima oportunidade não só para desvendar um pouco mais do mundo mágico, mas também para conhecer lugares que retratam o charmoso visual do passado da Inglaterra. #ficaadica

Outros lugares tem ligação não tão óbvia com a história do bruxinho. Na minha visita a Londres, eu fiz um passeio a pé que levou até alguns pontos do setor financeiro. O guia, vestido com um cachecol nas cores de Grifinória, explicou que o banco da Inglaterra  pode ter sido o prédio que inspirou a arquitetura de Gringotes.

Para comprovar a teoria, o especialista potteriano cita a própria descrição usada por Rowling no primeiro livro, que apresenta Gringotes como um edifício imponente muito branco e com degraus de pedra branca na fachada. Exatamente o que vemos ao observar a arquitetura do banco da Inglaterra.

Do Gringotes na vida real, seguimos para o Mercado Leadenhall. A entrada foi por uma ruela estreita, como aquelas que vemos nos filmes que retratam o passado de Londres. O mercado é justamente uma coleção dessas vielas apertadas e fica numa das regiões mais antigas da cidade, onde inclusive encontramos um pub que abriu as portas em 1792. Esse cenário pitoresco é considerado uma das inspirações de Rowling para o visual do Beco Diagonal e do próprio Caldeirão Furado, segundo o guia.

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Mas não existe um consenso sobre a fonte de inspiração do beco mágico. Já li alguns sites que apontam as ruazinhas Goodwin’s Court e Cecil Court, no entorno de Charing Cross e da Trafalgar Square, como o lugar que aguçou a imaginação da escritora. Seja verdade ou não, são cantinhos charmosos da capital inglesa e não custa incluir uma parada no roteiro.

Há também quem defenda que o verdadeiro Beco Diagonal estaria fora de Londres, no norte da Inglaterra. Mais conhecida por ser a cidade Viking do Reino Unido, a pequena York recebe milhares de pottermaníacos que querem botar os pés em Shambles, a rua mais antiga da cidade e hoje consagrada pela semelhança com o lugarejo mágico.

Não é difícil acreditar que a autora foi contagiada por esse pedacinho medieval de York para desenvolver o cenário da principal rua comercial do mundo potteriano. Afinal, JK Rowling morava em Edimburgo quando escreveu o primeiro livro da saga e as duas cidades ficam a apenas 2 horas de distância de trem.

Além disso, a ligação entre York e o Beco Diagonal ficou ainda mais forte porque os produtores do filme foram até a cidade viking para estudar o visual de Shambles e desenhar o projeto para a construção dos sets de filmagem de Harry Potter.

De todos os becos visitados, eu também aposto na estreita viela de York como a inspiração da escritora. Não só pelo calçamento rústico de paralelepípedos e as construções caricatas do século XIV em ambos os lados do caminho, mas pela atmosfera acolhedora das lojinhas onde você encontra de tudo e sempre é atendido com simpatia pelos vendedores. Me senti como o próprio Harry, encantado na primeira visita ao Beco Diagonal.

Subindo um pouco mais no mapa, a capital da Escócia, Edimburgo, é uma parada interessante para quem quiser sentar no lugar onde grande parte das páginas sobre a vida do mago foram escritas: o Elephant House Cafe. Por fora, não tem nada de referência a Harry Potter, mas recomendo uma visitinha ao toalete. Calma, não é uma dica de mau gosto ou uma crítica aos pratos da casa.

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É que as paredes do banheiro foram tomadas por mensagens e feitiços de fãs de todo o mundo. Já pintaram várias vezes para tentar apagar os rabiscos, mas no dia seguinte sempre havia novos recadinhos. Então, a equipe desistiu e se rendeu ao “memorial”. A homenagem curiosa até virou notícia no Daily Mail, um dos maiores jornais do Reino Unido.

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Outras referências usadas por JK Rowling estão escondidas entre os túmulos o Cemitério Greyfriars. A escritora tomou emprestados os nomes dos finados para vários personagens da saga. Entre as lápides você encontra o próprio Tom Riddle, mais conhecido como Voldemort, e o professor Severo Snape. O cemitério escocês parece também ter inspirado o ambiente fantasmagórico do retorno do Lorde das Trevas após o torneio Tribruxo.

Se bater o medo de desbravar o local sozinho, fique tranquilo porque não faltam opções de passeios a pé por Edimburgo para quem quiser conferir as curiosas ligações da capital da Escócia e o mundo de Harry Potter. Para os caçadores de referências, a cidade também é o ponto de partida de inúmeras excursões para conhecer mais paisagens do norte da Inglaterra ou das Highlands escocesas que inspiraram a história nos livros e nas telas de cinema.

Anote as dicas e vá mais longe!

1 – Quer conhecer o castelo que foi usado para as filmagens externas de Hogwarts e aprender a voar na vassoura? Siga de Edimburgo para o castelo Alnwick em Nothumberland.

2 – Deseja se sentir a caminho da escola de magia, embarque em um passeio para o viaduto de Glenfinnan e depois suba no trem a vapor Jacobite para desbravar de trem as paisagens rurais da Escócia.

3 – Para experimentar o que é estar nos corredores de Hogwarts com Harry, Ron e Hermione, faça um bate-volta até Durham e visita a catedral que serviu de cenário para as áreas externas da escola.

Gisele Barcelos

Jornalista por profissão e planejadora compulsiva de viagens. A mesma dedicação que tenho para conseguir um furo de reportagem, também uso para pesquisar sobre novos destinos e roteiros. Amo compartilhar dicas para ajudar quem sonha começar uma aventura, mas não tem ideia de como planejar. Estou sempre em busca do próximo embarque, com uma mala tamanho P e uma playlist caprichada no celular.

2 Comments

  1. joyce

    UAU que sonho!!!!

    Quero muuito visitar todos eles um dia se Deus quiser. Parabéns mais uma vez pelo post!!!

    1. GiseleBarcelos

      Eu tenho certeza que você vai conhecer tudo! Abração =D

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