A primeira vez que a ideia de conhecer o mundo acendeu uma faísca na minha mente, eu ainda nem estava com o diploma de jornalista na mão. Ali, recém-saída da adolescência, andava com a cabeça deslumbrada pelos cenários dos meus filmes e seriados favoritos… E nenhum deles era em solo tupiniquim!
Cresci na época que cinema nacional era mato e sequer existia essa moda de séries brasileiras. Então, retratos do Central Park em Nova York, do Big Ben em Londres, da Torre Eiffel em Paris e de tantos outros cantos famosos do globo imperavam no imaginário da garota aqui. Porém, eu nunca achei que esses lugares seriam mais do que paisagens conhecidas por fotografias.
Tudo parecia fora do alcance para quem não era de uma família com dinheiro sobrando e ainda morava bem no interior de Minas Gerais, longe das mil possibilidades que grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro podem oferecer.
Em meio a esses pensamentos, veio a correria da faculdade, depois o estresse para concluir o curso, logo substituído pelo desespero de ser lançada sem experiência no mercado de trabalho e a pressão para conseguir o primeiro emprego. Muitas cinzas abafaram aquela faísca adolescente, mas a brasa continuou viva lá embaixo… Até que um dia, há três anos, parece que jogaram gasolina e o braseiro voltou a pegar fogo.
Sendo bem sincera, o combustível foi a chegada dos trinta e poucos anos. Entrar nessa nova etapa da vida sem cumprir o roteiro básico de marido e filhos não era exatamente o que havia planejado, mas não dependia apenas de mim para mudar essa realidade, né? Afinal, qualquer relacionamento exige uma segunda parte interessada na gente kkkk
Por outro lado, organizar a tão sonhada viagem internacional era um projeto que precisava apenas do meu esforço. Foi assim o pontapé para tirar o passaporte e começar a pesquisa sobre o roteiro, preço das passagens, hospedagem e dinheiro para levar.
Coloquei tudo no papel em 2015, fiz as contas de acordo com meu orçamento e me preparei para embarcar só dois anos depois na primeira aventura fora do país. Sem pressa, de acordo com o meu ritmo e minhas condições financeiras.
É claro que dinheiro não foi o único desafio ao longo do caminho. A falta de companhia e o medo de estar sozinha quase me fizeram desistir. Até chamei amigos para ir junto e mostrei que o investimento não era impossível, mas ninguém aceitou o convite. Cada um estava ocupado com as próprias batalhas. O jeito então foi me contentar em estar comigo mesma.
Os milhares de planos rascunhados na cabeça se transformaram em fato real assim que comprei as passagens aéreas com destino a Inglaterra. Quase 30 dias sozinha em outro país (bem ousada, né!).
O bilhete sem cancelamento grátis eliminou a possibilidade de voltar atrás e, a partir do clique para confirmar, o restante foi acontecendo: defini quais cidades fariam parte do roteiro, reservei hotéis, consultei mapas, comprei os bilhetes de trem, garanti o ingresso para o teatro e atrações turísticas… De repente, já era hora de fazer as malas e seguir rumo ao aeroporto.
Enquanto eu conferia pela trigésima vez os documentos, o dinheiro e checava se nada estava faltando, um turbilhão de perguntas agitava os pensamentos: será que meu inglês estava bom? O que eu faço se me barrarem na imigração? Que ideia maluca foi essa de me enfiar sozinha em outro continente?
As dúvidas sumiram assim que eu me vi cruzando o rio Tâmisa pela primeira vez. Sabe aquele mico de chorar no busão? Eu paguei, mas nem fiquei com vergonha porque eu tinha acabado de perceber como era possível realizar o sonho de conhecer novos lugares mundo afora, mesmo para nós, pobres mortais, que tem alguns poucos reais na conta bancária. Basta planejamento, paciência e dar o primeiro passo para colocar o projeto em execução.
Hoje faz exatamente um ano do início dessa aventura. Para comemorar a data, vou trazer nos próximos posts bastante conteúdo para ajudar quem se encontra com as mesmas perguntas e dúvidas que eu tive. Então, fique ligado que vai ter guia com o passo a passo para organizar a primeira viagem internacional sozinha, dicas para driblar o dólar caro e até estratégias para montar roteiros de viagem personalizados.