A rota do morro dos ventos uivantes com Emily Brontë

Compartilhe!

Quando fui fisgada pelas páginas do clássico “O Morro dos Ventos Uivantes” nem sequer imaginava que os cenários dramáticos da história de Catherine e Heathcliff existiam na vida real, mas ao começar a pesquisar lugares interessantes na Inglaterra não demorou muito para encontrar a bucólica cidade de Haworth, conhecida como o lar da autora Emily Brontë e das suas duas irmãs, Charlotte e Anna, também escritoras.

Por isso, o destino não poderia faltar na primeira série de posts sobre os meus roteiros de viagem inspirados em livros. As paisagens da região são tão marcantes na obra que o local é conhecido como “Bronte Country” e você pode conhecer tanto as colinas pantanosas que inspiraram a criação do morro dos ventos uivantes quanto a casa onde foi escrito um dos maiores romances da literatura mundial. A história de paixão, vingança e desespero é o único romance escrito por Emily.

Chegar a Haworth por conta própria não é uma tarefa tão fácil e a gente se sente como o visitante que se aventura pelo território descampado da propriedade de Heathcliff. Se conseguir organizar o roteiro, você pode se encaixar em tours regulares que saem de York semanalmente e levam grupos para conhecer as principais atrações em Bronte Country. Já para quem não está com a agenda flexível, alugar um carro e se arriscar na mão inglesa pode ser uma opção simples – em teoria!

Agora se faltar coragem para a roadtrip, o jeito será recorrer a conexões de trem e ônibus. A malha ferroviária da Inglaterra te levará sem complicação a cidades próximas como Bradford, Keighley e Leeds, de onde é possível pegar o bus para desembarcar em Haworth.

Uma vez no destino final, a primeira parada é justamente na casa ondem viveram as três irmãs escritoras e onde hoje funciona o museu dedicado à memória das Brontë. Ali, na sala de estar, os membros da família se reuniam e as irmãs concretizaram seus romances, circulando pela mesa inúmeras vezes e lendo trechos em voz alta uma para as outras.

Leia Mais:  Ilha de Skye: um roteiro fora do óbvio pela Escócia

A uma curta distância, os curiosos podem ver a estátua do trio Brontë e depois visitar a igreja de St Michael’s, onde o pai das escritoras foi pastor e hoje estão os túmulos da própria Emily Brontë e da irmã Charlotte, autora de Jane Eyre.

Mas a verdadeira experiência na mente da autora começa quase ao lado da igreja, por uma trilha que leva às colinas desoladas por onde a imaginação de Emily Brontë correu solta durante a juventude para contar a história trágica do morro dos ventos uivantes.

O caminho é todo sinalizado por placas para quem quiser desbravar os campos pantanosos do Norte da Inglaterra, inclusive com instruções em japonês por causa do grande número de fãs nipônicos. A região é bem tranquila e muitas mulheres fazem o percurso sozinhas para apreciar a melancolia do cenário que é quase um dos personagens da história de Brontë.

A rota inspirada no livro te levará para fora de Haworth até a pitoresca cachoeira Brontë Falls, onde há uma pedra intitulada de Brontë Chair. A queda d’água não tem nada de espetacular, mas dizem que as irmãs escritoras costumavam se revezar para sentar na pedra enquanto absorviam a paisagem e escreviam suas primeiras histórias.

A caminhada segue depois morro acima para uma casa de campo em ruínas chamada Top Withens, que supostamente foi o lugar que atiçou os pensamentos da autora e serviu de modelo para compor a residência dos Earnshaw ao longo das páginas do romance. O local foi destruído por um raio anos depois em 1893, mas passar um tempo naquele cantinho solitário faz a gente se sentir na fazenda onde a história se desenrola.

Seguindo pelos charcos britânicos, o roteiro literário chega até Ponden Hall, outra propriedade que parece ter sido retratada no romance de Emily Brontë. O local é considerado a inspiração para criar o ambiente da luxuosa mansão da família Linden, Thrushcross Grange, onde Catherine mora depois de se casar com Edgar.

Leia Mais:  Uma viagem pela Inglaterra de Harry Potter

O imóvel foi preservado e hoje funciona como um hotel temático, onde cada quarto leva o nome de um dos personagens principais do livro. Depois de quase 13 quilômetros de peregrinação, o dia de aventura pode terminar na pousada ou encarando o trajeto de volta até Haworth para curtir o fim de dia charmoso na vila.

Gisele Barcelos

Jornalista por profissão e planejadora compulsiva de viagens. A mesma dedicação que tenho para conseguir um furo de reportagem, também uso para pesquisar sobre novos destinos e roteiros. Amo compartilhar dicas para ajudar quem sonha começar uma aventura, mas não tem ideia de como planejar. Estou sempre em busca do próximo embarque, com uma mala tamanho P e uma playlist caprichada no celular.

Tire dúvidas e compartilhe suas experiências de viagem aqui: