Edimburgo nem sempre é a primeira escolha de viagem na Europa para os brasileiros. Cidades já consagradas da rota turística básica acabam muitas vezes ofuscando injustamente a capital da Escócia, mas os visitantes que dão uma chance ao lugar ficam igualmente impressionados com o charme dos becos medievais, a história silenciosa contada nas paredes escuras das construções e a silhueta do imponente castelo no topo da colina.
Por tudo isso, Edimburgo parece até cenário de um contos de fadas antigo, mas também é um destino interessante para quem curte um bom conto de terror. A capital da Escócia carrega o título de uma das cidades mais mal assombradas do mundo por causa dos segredos sombrios escondidos nos becos estreitos e no emaranhado de túneis subterrâneos escuros da parte mais antiga da cidade.
Edimburgo é marcada pelo contraste entre as áreas de Old Town (Cidade Velha) e New Town (Cidade Nova). A cidade velha preserva a estrutura medieval do século XIV, com uma estreita rua principal que sai diretamente da entrada do castelo no alto da cidade e se ramifica em outras pequenas ruelas e becos onde se encontram vários marcos históricos e também as tragédias que deram início às lendas urbanas sinistras de Edimburgo.
A poucos passos, na Cidade Nova, construída séculos depois e com apenas 170 anos de existência, a paisagem urbana já é totalmente moderna. Grandes áreas verdes, lojas de departamento e casas georgianas elegantes ficam à margem de avenidas largas, onde o fluxo de carros, ônibus e de bondinhos surpreende os tímidos viajantes.
Vale a pena ir de Londres a Edimburgo?
Incluir Edimburgo no roteiro de viagem com certeza vale a pena. Embora a Escócia faça parte do Reino Unido, o país tem cultura e costumes próprios, bem diferentes do restante da Inglaterra. Visitar a capital é uma boa escolha para quem deseja um gostinho da experiência típica escocesa.
Andando pelas ruas de Edimburgo, é possível trombar em homens vestidos a caráter tocando gaita de foles, observar vitrines com kilts em todas as estampas xadrez de tartan e ainda conferir placas escritas no estranho gaélico – segundo idioma falado no país.
Dependendo da época do ano, Edimburgo ainda revela um lado especial para os visitantes. Em agosto, por exemplo, a cidade é palco para uma série de festivais de arte e cultura. A programação acontece anualmente nas três últimas semanas do mês e inclui o Royal Edinburgh Military Tattoo, uma parada noturna com bandas militares do país em frente ao Castelo de Edimburgo. Já no Ano Novo, a capital da Escócia tem um Réveillon cheio de tradições que dura três dias, com espetáculos celtas ao ar livre e música ao vivo.
Além disso, há muitas opções de transporte entre Londres e Edimburgo ou outras partes da Inglaterra. É possível chegar à capital da Escócia de carro, ônibus, trem ou avião. O deslocamento aéreo leva em torno de três horas, enquanto a viagem de trem dura cerca de cinco horas. O mais longo é o caminho pela rodovia, que demanda entre sete a nove horas.
Quantos dias para ver os principais
pontos turísticos de Edimburgo?
Edimburgo e uma cidade compacta e os principais pontos turísticos podem ser facilmente visitados a pé. Se cansar, há transporte público bom, barato e eficiente para fazer os deslocamentos mais longos na cidade.
É possível fazer um intensivo e ver os pontos turísticos mais famosos da cidade em um dia. No entanto, o tempo ideal para um roteiro pela cidade seria entre dois a três dias. Se a estadia for maior, será possível estender o passeio até os castelos que ficam no entorno e foram cenário para a série Outlander. Veja abaixo ideias para organizar seu roteiro de viagem por Edimburgo.
Edimburgo: roteiro de 1 dia de viagem
Se a sua passagem por Edimburgo for de apenas 24 horas (o que eu não recomendo), o roteiro de viagem precisará ser concentrado apenas nos pontos turísticos mais famosos da cidade.
Chegando cedo na capital da Escócia, tome um café e depois comece o itinerário fazendo uma visitinha a Princess Gardens. O parque é um ótimo pit stop para aguardar até o horário de abertura das outras atrações (em geral, por volta das 9h30).
O espaço verde ao ar livre é cheio de estátuas marcantes e conta com a Ross Fountain, recém-reformada e coadjuvante da maioria das fotos que circulam na internet do Castelo de Edimburgo. A propósito, é justamente do parque que você terá a vista emblemática do castelo construído no topo da rocha vulcânica. Pegue sua câmera e capriche no clique!
De Princess Gardens, é uma curta – porém íngreme! – caminhada para o Castelo de Edimburgo. O horário de visitação começa às 9h30 e a entrada custa 17,50 libras (dezembro/2019). Geralmente, as filas são pequenas e não vi necessidade de comprar o ingresso com antecedência pela internet, mas quem preferir pode adquirir no site oficial e chegar com o bilhete em mãos.
O castelo é enorme e cheio de histórias, abrigando inclusive dois museus (National War Museum e o Museum of The Royal Regiment for Scotland). Gastei horas percorrendo as muralhas da fortaleza, conhecendo as masmorras do interior e ainda curtindo a panorâmica de Edimburgo lá do alto. A recomendação é, no mínimo, 3 horas para visitar com tranquilidade a atração.
Saindo do castelo, automaticamente já começa a Royal Mille (Milha Real em português), rua antiga que percorre o coração do centro histórico de Edimburgo e leva até o Palácio de Holyrood. Apenas andar por ali já é um passeio. A arquitetura dos prédios conserva as características da época medieval e os becos que desaguam na via de paralelepípedo recriam o cenário típico de Edimburgo dos tempos passados.
Além disso, na Royal Mille se concentram várias atrações que podem fazer parte do roteiro na capital da Escócia. Colados no castelo, estão a Câmara Obscura – edifício de cinco andares com exposições interativas de ilusão de óptica cheia de cores – e o Scotch Whisky Experience – réplica de uma tradicional destilaria que conta a história da bebida tradional do país e oferece experiências de degustação. Não acredito, entretanto, que seja possível incluir os dois locais no itinerário de um dia por Edimburgo, mas tudo depende do seu ritmo e prioridades de viagem.
Caminhando um pouco mais na Royal Mille, está a St Giles Cathedral. A fachada em estilo neogótico chama a atenção para a igreja que é considerada a matriz do presbiterianismo e onde foi sepultado John Knox, um dos nomes mais importantes da Reforma Protestante. Já no interior, vitrais coloridos criam um ambiente iluminado que contrasta com as paredes escuras do lado de fora.
Se decidir fazer uma parada, a entrada no templo é gratuita. Apenas é cobrada uma taxa para quem quiser bater fotos no interior (2 libras) e também para fazer o tour com acesso ao terraço na torre principal (6 libras).
O caminho pelo Royal Mille termina na entrada do Palácio Holyroodhouse, a residência oficial da Rainha da Inglaterra na Escócia. Quando a realeza não está em Edimburgo, o lugar fica aberto para visitação e os viajantes podem andar pelas galerias e dormitórios reais para ver de perto a decoração suntuosa em estilo barroco da casa oficial da monarquia.
Além disso, na parte mais antiga do palácio, é possível visitar a torre em que estão os quartos onde morou Mary, Rainha dos Escoceses, e ainda conferir as ruínas da abadia de Holyrood, onde ela se casou com o segundo marido.
Para encerrar o dia, uma boa ideia é subir até o topo de Calton Hill e curtir o pôr-do-sol no horizonte de Edimburgo. O mirante abriga também diversos monumentos escoceses para quem quiser explorar outros ângulos de Edimburgo na fotografia. O acesso é gratuito.
Roteiro para 2 dias em Edimburgo
Quem tiver mais tempo para explorar a capital da Escócia poderá desbravar mais atrações existentes em Old Town. Depois de riscar os pontos turísticos famosos no primeiro dia, é a chance de visitar voltar e mergulhar mais na história de Edimburgo.
Os interessados em arte podem começar o dia na Scottish National Gallery, que reúne a maior coleção de arte da Escócia e tem entrada grátis. Na mesma região, fica o Museum of the Mound, outro lugar gratuito para quem quiser conhecer sobre a história de Edimburgo e do sistema bancário escocês.
Fechando a lista de museus, os apaixonados por literatura podem animar uma visita ao Writers Museum para ver o interior do prédio histórico da cidade e conhecer sobre a vida dos três principais escritores escoceses: R. Stevenson, Walter Scot e Robert Burnes. A entrada também é gratuita.
Outro passeio no centro histórico é pelos becos, ou melhor, closes de Edimburgo. Essas ruas estreitas foram marcantes ao longo do desenvolvimento urbano da capital da Escócia e guardam retratos pitorescos sobre o cotidiano dos moradores.
Dos 300 “closes” originais, hoje em dia só existem 60 e um dos destaques é o Mary King Close, que permite aos visitantes ver com os próprios olhos onde e como sobreviviam a população mais pobre da cidade. Depois de ter ficado fechado ao público durante anos, ali ressurgem as histórias sobre o precário saneamento da cidade no século XVI, o terror causado pela Peste Negra e ainda assassinatos que marcaram o passado de Edimburgo.
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Se a proposta forem passeios que causem arrepios, outra ideia é reservar um tempo no roteiro para conhecer os túneis subterrâneos de Edimburgo. As galerias guardam uma parte do passado medieval da cidade, pois serviram como local de trabalho e até residência para a população mais pobre.
As visitas ao subterrâneo de Edimburgo são permitidas apenas com guias credenciados. Você pode escolher um tour focado especificamente no aspecto histórico, ou embarcar em um passeio cheio de histórias de terror que explora o lado sobrenatural da cidade e também conhecer a história dos contrabandistas de corpos Hare e Burke, que agiam em Edimburgo no início do século XIX e profanavam os túmulos do Canongate Kirkyard para vender cadáveres para a ciência.
Depois de tantas aventuras, aproveite para acalmar os nervos com um copo de destilado na Whisky Experience – caso não tenha dado tempo no primeiro dia – ou mesmo se unir com outros viajantes em um pub crawl.
3 dias em Edimburgo: veja o cantinho mágico da Cidade Velha
Quem tiver três em Edimburgo, depois de percorrer os roteiros do dia um e dois, pode se aventurar por lugares da capital da Escócia que teriam inspirado J.K Rowling na criação do mundo mágico de Harry Potter.
Comece o passeio na Victoria Street, um dos vários endereços na Inglaterra que dizem ser o beco diagonal. Inclusive a rua tem uma loja dedicada a produtos da série, a Diagon House. Apenas se prepare porque costuma ter fila para entrar. Além da ligação com o universo de Harry Potter, a rua estreita reúne lojas independentes e restaurantes em pequenos prédio coloridos que são uma graça.
De lá, a caminhada pode seguir até a praça Grassmarket. O local hoje é um cantinho simpático e cheio de opções gastronômicas, mas no passado era simplesmente o lugar onde aconteciam as execuções públicas da cidade. Ou seja, Edimburgo sendo Edimburgo e misturando o fofo e o sinistro.
Apenas um quadra de distância, os fã de Harry Potter encontram mais um lugar que fez parte do processo criativo da escritora: o Elephant House. A cafeteria tem se intitulou como o lugar onde a história do bruxinho começou a ser escrita por J. K. Rowling.
Há controvérsias sobre o assunto, mas hoje milhares de apaixonados aproveitam para dar uma conferida no cardápio e também deixar um recadinho nas paredes do banheiro. Sim, você leu certo! As mensagens se tornaram parte da “decoração” e um ritual dos pottermaníacos que visitam Edimburgo.
Outra parada no roteiro do mundo mágico são o cemitério Greyfriars Kirkyard. Parece estranho visitar túmulos de desconhecidos, mas é que algumas lápides carregam nomes em acabaram personagens da saga McGonagall, Severo Snape e até o próprio Tom Riddle (mais conhecido como aquele que não deve ser nomeado hehehehe).
A visita aos locais pode ser feita de forma independente, apenas colocando os endereços no Google Maps. No entanto, se preferir, é possível contratar um passeio guiado para receber explicações ao longo do caminho e saber curiosidades sobre a vida de Rowling durante o período que morou em Edimburgo. Clique aqui para reservar um tour de Harry Potter em Edimburgo.
Além de percorrer os lugares do mundo bruxo, um passeio por essa região de Edimburgo pode incluir o Museu Nacional da História. A entrada é gratuita e não se deixe enganar pela réplica de tiranossauro na entrada. O acervo tem objetos bem diferentes dos outros museus de história natural no mundo, pois parte do prédio é destinado a uma exibição que reconta os capítulos mais cruéis do passado do país.
Na exibição, é possível ver uma guilhotina utilizada entre os séculos XVI e XVIII, instrumentos de tortura usados contra mulheres acusadas de bruxaria, o molde do túmulo da rainha Mary – executada com um golpe de machado em 1587 – e também pequenos caixões de madeira com figuras humanas esculpidas que representam as vítimas dos contrabandistas de corpos Hare e Burke.
Edimburgo em 4 dias: um outro lado da capital da Escócia
Depois de três dias percorrendo as atrações de Old Town, vale a pena reservar o quarto dia do roteiro em Edimburgo para conferir os pontos turísticos mais interessantes de New Town.
O mais simbólico é o Scott Monument, que fica bem ao lado da estação de trem Waverley. Além de observar de baixo, você pode pagar uma taxa de 8 libras para subir ao topo e conferir a vista da cidade (se o clima contribuir e não estiver tudo nublado hehehe)
Em New Town, também fica a Scottish National Portrait Gallery, com pinturas que retratam a história do país e do povo escocês. Além disso, reúne obras de nomes famosos como Rembrandt e Boticelli. Mesmo que não for ligado em arte, deve considerar uma visitinha à galeria para conferir a arquitetura clássica no interior do prédio. E um bônus: a entrada é gratuita.
Um passeio pela Cidade Nova de Edimburgo também pode incluir um pouco de história. Em meio às casas georgianas, uma mansão do século XVII foi restaurada e transformada em museu justamente para mostrar o estilo de vida dos cidadãos mais ricos da capital da Escócia no passado. Assim como os demais museus, não é cobrado ingresso para conhecer a Georgian House e testemunhar os luxos que rodeavam a rotina da burguesia da cidade.
Bem pertinho dali, fica um dos cantos mais fofos de Edimburgo: Dean Village. A paisagem é totalmente diferente do restante da cidade. O cenário gótico é substituído por uma pequena e charmosa vila de casas de pedra às margens do rio e é difícil resistir a uma caminhada com várias paradas para foto.
Se tiver tempo, siga as placas para Water of Leith e se encante com a vista bucólica à beira do riacho. Uma das surpresas reservadas a quem decidir reservar mais tempo para conhecer a capital da Escócia.
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Por fim, já que estamos em território escocês, por que não experimentar outra bebida destilada típica do país? Menos conhecido que o whisky, o gin também faz sucesso na terra dos kilts e é possível conhecer uma destilaria bem centro de Edimburgo.
Além de trazer curiosidades sobre a produção da bebida e a influência no cotidiano dos moradores ao longo dos anos, a visita guiada (a partir de 25 libras) oferece a tradicional degustação para os viajantes. Um excelente programa para encerrar o dia, especialmente para esquentar nas noites frias e nebulosas do inverno escocês.
5 dias em Edimburgo? Um roteiro pelos castelos de Outlander
Se a agenda permitir mais um dia em Edimburgo, é a hora de se aventurar pelos castelos medievais na região. Os fãs de Outlander vão adorar saber que várias cenas foram gravadas justamente nos arredores da cidade. Entre os lugares que aparecem na série estão Blackness Castle, Midhope Castle, Linlithgow Palace, Aberdour Castle e Doune Castle.
Todos estão abertos a visitação e ficam a 40 minutos ou, no máximo, 1 hora de Edimburgo. Para chegar, você pode contratar um tour em agências da cidade ou então alugar um carro e fazer um roteiro por conta própria. Clique aqui para reservar carro no exterior com pagamento em reis e parcelado.
Outro castelo perto da capital da Escócia fica na pequena cidade de Stirling. A construção medieval não tem relação com a série Outlander, mas também é a boa ideia para quem estiver interessado em fazer um passeio bate-volta e não quer encarar estrada, pois a viagem pode ser feita de trem. Há saídas a cada 30 minutos da estação Waverley no centro de Edimburgo e o percurso dura, no máximo, 1h30. Pesquise os horários e encontre sua passagem de trem aqui.