Cusco: o que fazer e hotéis para se hospedar

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Cusco pode não ser a capital do Peru e nem a maior cidade do país, mas é a porta de entrada para o território inca e certamente o destino mais procurado pelos viajantes de diversas partes do mundo interessados em conhecer um pouco da cultura e da história de um dos maiores impérios da América Latina.

No passado, a administração política e o centro de forças armadas do império inca ficavam localizados em Cusco, que significa “Umbigo do Mundo” em quechua. Por isso, toda a região guarda ainda os vestígios da antiga civilização andina.

Mesmo quem não tiver curiosidade em conhecer as ruínas ao redor já terá uma experiência única ao se aventurar só na cidade de Cusco, declarada como patrimônio cultural da humanidade por ser “testemunha” da intervenção dos colonizadores europeus na cultura andina, com inúmeras construções antigas que mesclam em suas paredes resquícios da engenharia inca e adaptações arquitetônicas (totalmente questionáveis) introduzidas pelos espanhóis.

História à parte, o labirinto de ruelas do centro histórico e a rusticidade das pequenas casas de Cusco carrega uma certa magia, especialmente quando o cenário é banhado com a meia-luz amarelada dos postes da rua. Se já está ansioso para se perder por esse lugar, anote as principais atrações turísticas e também as dicas para organizar a estadia na cidade.

Do aeroporto de Custo até o hotel

O aeroporto de Cusco fica a cinco quilômetros do centro histórico da cidade, região que concentra os hotéis e as principais atrações turísticas. Diferente de Lima, não há um serviço de ônibus executivo entre o aeroporto e o centro de Cusco.

É claro que existe o transporte público, mas os ônibus de linha são complicados para a utilização do visitante. Cusco é atendida por uma rede de micro-ônibus operada por empresas privadas e cada uma tem uma rota específica que passa por diversos pontos. A passagem custa em torno de 1 sole.

Entretanto, não há um cronograma fixo e podem ocorrer alterações nos pontos de parada sem aviso prévio. Até o momento, sequer era possível consultar os trajetos de cada linha. Além disso, os assentos são muito limitados, os veículos andam lotados e não há armazenamento de bagagem. Mesmo defensora do transporte coletivo e carregando só uma mala pequena, eu não encarei a aventura e preferi chamar um táxi.

Para diminuir o perrengue, acionei a empresa Taxidatum e recomendo. Você pode fazer todo o agendamento pelo site na internet e eliminar o estresse de ficar caçando ponto de táxi na rua. No horário marcado, o motorista já estará aguardando no pátio externo. Meu voo até atrasou um pouco, mas não tive problemas.  O preço foi 20 soles.

Outra opção para o deslocamento ao desembarcar no aeroporto e para retornar ao terminal é o uber. Sim, o aplicativo já funciona no Peru e costuma ter bastante carro disponível. Em média, a corrida custa 15 soles cada trecho.

Hotéis: Onde ficar em Cusco

Uma região bem gostosa e segura fica no entorno da calle Ruínas, bem na entrada do bairro de San Blas. Ali você ficará localizado a menos de cinco minutos a pé da praça das Armas, mas sem aquela muvuca que sempre afeta áreas muito turísticas.

Há opções de hospedagem para todos os bolsos, inclusive hostel e guest houses com valores baratinhos. Para viajantes econômicos, várias pequenas pousadas se espalham na região com diárias a partir de R$150, como a La Pousada del Viajero, Hosteria de Anita, Orquidea del Cusco, MOAF Cusco Boutique Hotel, Tukuna Cusco, Casa Grande Colonial Palace e Inkas Machupicchu Inn.

Há também hotéis locais de médio porte como o Emperador Plaza, Monasterio del Inca, Hotel Santa Maria, Casona Boutique, Loreto Boutique Hotel, La Casa de Selenque, Hotel Tupac Yupanqui e Hostal El Triunfo na faixa de R$ 250 por noite. Já quem não abre mão dos cinco estrelas, terá o Hotel Suenos del Inca e unidades de grandes redes como JW Merriot e Novotel.

Outra boa alternativa é o entorno do Qorikancha – Templo do Sol, que é o limite no mapa para quem não quer sofrer ao subir até a praça de armas. Entre as indicações de hospedagem boa e barata nessa região estão: o Hotel Boz Art (diárias em torno de R$ 200) e o Hostal Lucerito (menos de R$ 100 por noite), colados na avenida Sol; e nas ruas menores que levam ao templo há ainda La Casona de Rimacpampa, La Casa de Fray Bartolome e Hotel Casa Limacpampa, com diárias em torno de R$ 150 a R$ 200.

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Sim, você vai encontrar muitos hotéis baratinhos para baixo do Qorikancha, mas, com as limitações impostas ao nosso corpo por causa da altitude de Cusco, subir o morrinho até a praça de Armas pode se mostrar cansativo e prejudicar as andanças.

Quer pagar a hospedagem em reais e parcelado?

Onde comer em Cusco

A culinária cusquenha se tornou moda e muitos viajantes não resistem a experimentar as iguarias da gastronomia peruana ao visitar o país. Justamente por causa dessa tendência, muitos restaurantes têm preços um tanto inflacionados para quem está com o orçamento apertado.

Uma dica que ajudará a controlar os gastos é optar pelo menu turístico dos restaurantes, que oferece uma opção de entrada, prato principal, bebida ou sobremesa por um preço menor. No centro histórico, é bem fácil achar locais que cobram entre 25 a 30 soles por essa opção do cardápio.

Entretanto, se você prefere economizar ainda mais com comida, encontrei muitos restaurantes, cafeterias e lanchonetes com preços mais conta e que oferecem uma boa refeição por algo em torno de 15 soles na calle Choqechaka, bem perto da pedra de 12 ângulos. Coloca no GPS e corre para lá porque é certeza de comer gostoso sem gastar muitos soles.

turismo: O que fazer em Cusco

Se você decidiu seguir o itinerário sugerido no blog para a primeira visita ao Peru, o roteiro terá, no mínimo, três noites em Cusco. Será o suficiente para ver o essencial sem passar correndo por vários lugares.

  • Primeiro dia

No dia de chegada a Cusco, o ideal é fazer atividades leves por causa da aclimatação. A cidade fica a 3.400 metros acima do nível do mar e o ar é mais escasso, então vá com calma para evitar o soroche – mal estar que causa dores de cabeça, cansaço extremo, falta de ar e desarranjo intestinal.

Se chegar à cidade de dia, uma boa ideia é percorrer as agências (são várias) na região do centro histórico e conferir os passeios interessantes para fazer no dia seguinte. Depois aproveite para observar a arquitetura das construções da praça e para perambular pelas ruelas antigas.

Vá até a Calle Hatunrumiyoc e tente achar a pedra de 12 ângulos, que dizem sustentar toda a estrutura de um muro de um antigo palácio inca. Ou então, caminhe até o mercado de San Pedro para ver o artesanato e os aromas típicos do Peru.

Caso ainda tenha tempo no primeiro dia, conhecer o Qoricancha ou Templo do Sol é uma ótima forma de dar boas vindas a Cusco. O lugar é uma igreja católica, mas foi construída pelos espanhóis sobre o muro de um templo inca. No interior, há inclusive paredes remanescentes do Templo do Sol original, que chamam a atenção pelo alinhamento em perfeita simetria e a junção das rochas sem uso de cimento ou argamassa.

O ingresso custa 15 soles e o horário de visitação é das 8h30 às 17h30. Para conhecer com calma, tenha certeza de chegar, pelo menos, 40 minutos antes do horário de fechamento ou então deixe a visita para as atividades do dia seguinte.

Para quem curte igrejas e arquitetura, uma proposta de passeio leve é visitar o interior da catedral de Cusco na praça de armas. A entrada custa 25 soles e o horário de abertura é das 10h às 18h.

Além do visual com influências góticas, maneiristas e barrocas, o local reúne obras de artesanato cusquenho, uma versão curiosa de “Última Ceia” em que o prato principal é o cuy (porquinho da india) assado e também a imagem de um Jesus Cristo que se amorenou devido à fumaça das velas dos devotos.

  • Segundo dia
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Bem descansado depois de uma noite tranquila de sono, o segundo dia pode ser destinado a passeios pelos sítios arqueológicos perto de Cusco e também às visitas aos locais que não deu tempo de ver no dia de chegada a Cusco.

Os dois pacotes mais comuns oferecidos pelas agências são: o tour que envolve as ruínas ao norte (Sacsayhuaman, Qenqo, Puca Pucara, Tambomachay e o mirante do Cristo Blanco) e o outro tour envolve o Vale Sul (Tipon, Piquillacta e Andahuaylillas). Não é possível fazer todos em um dia. Então, será necessário escolher o passeio que mais te interessa ou acrescentar mais uma noite em Cusco se decidir fazer o itinerário completo, como eu acabei fazendo.

É também possível contratar um táxi e mesclar as atrações (Sacsayhuaman, Qenqo e Tipon foram os lugares que mais gostei, a propósito hehehe). Se essa for sua decisão, só recomendo ter a companhia de um guia turístico porque será necessário para entender a função e a história dos locais. É claro que essa alternativa sairá mais caro, principalmente se estiver viajando sozinho.

Seja a sua escolha por um tour em grupo ou um passeio privativo, fique atento porque será necessário comprar o boleto turístico para visitar os sítios arqueológicos. O preço varia de 70 a 130 soles, dependendo do número de atrações inclusas e prazo de validade.

  • Local de venda: Cosituc
  • Endereço: Av. El Sol, 103, Galerías Turísticas
  • Telefone: 084 22-7037
  • Horário: diariamente 8h-18h

Depois de tanta peregrinação, curta a noite em Cusco. Uma programação bem legal para quem curte experimentar gastronomia é fazer uma aula para aprender a fazer o pisco sour e ainda degustar a bebida típica do Peru. Você pode reservar pelo link.

  • Terceiro dia

É hora de se aprofundar mais no território dos incas e desbravar outro cantinho do Vale Sagrado: o sítio arqueológico de Pisac. A 35 km de Cusco, o caminho que se percorre em 50 minutos, por uma estrada estreita e sinuosa.

Pisaq é dividida em duas parte: o vilarejo e o sítio arqueológico no alto da montanha. Na vila, há um mercado central bem diversificado e com inúmeras barracas de artesanato peruano, mas nada tão original.

Já o sítio guarda o que sobrou de uma cidadela com funções agrícolas e militares, que estava estrategicamente posicionada no caminho inca entre Cusco e a selva amazônica para facilitar o controle do acesso ao Vale Sagrado. Justamente por isso a visita às ruínas oferece uma das visões mais espetaculares do Vale. Prepare o fôlego para a subida, pois o topo onde ficava o observatório astronômico está a 3.514 metros acima do mar. Cansa, mas a paisagem compensa. E atenção: você precisará ter um boleto turístico para entrar no sítio arqueológico.


Para fazer o bate-volta a Pisac, é possível utilizar:

– Van de linha (colectivo): funcionam como se fossem ônibus regulares e com saídas a cada 10 minutos da calle Puputi, a 1,5 km da Plaza de Armas (20 minutos a pé ou 5 minutos de táxi, por 5 soles). A passagem custa entre 4 e 5 soles por pessoa em cada direção. As vans param na parte plana da Pisaq. Então, ainda será preciso negociar um táxi no local para subir ao sítio arqueológico (entre 20 e 30 soles/6 e 8 dólares em cada direção – a cooperativa fica na av. Amazonas, junto à ponte).

– Tour guiado privado com motorista e guia: as agências de turismo vão cobrar entre 100 e 130 dólares.

– Tour privado com motorista, sem guia: a Real Inka (av. Grau, 496, esquina Pavitos, tel. 084 24-6245) cobra 55 dólares.

– Táxi: na calle Pavitos ou na calle Puputi é possível negociar e conseguir um táxi por algo entre 45 e 55 soles/15 dólares até Pisaq. Tratar passeios com profissionais avulsos sempre é mais arriscado do que com empresas. Para voltar você precisará negociar outro táxi em Pisaq.

– Tour guiado em grupo de van ou ônibus: eu não consegui encontrar um passeio de um dia exclusivo por Pisac nas agências. A maioria tenta espremer Chinchero e Ollantaytambo num circuito super corrido, o que não recomendo.

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Depois de procurar bastante, achei um tour de dois dias que caiu como uma luva no meu roteiro. O itinerário reservava o primeiro dia para conhecer uma reserva ecológica de llamas (Awana Kancha), Pisac e o museu Inkary. Já no dia seguinte, seguimos para visitas ao sítio de Moray, às salineras de Maras e chegamos a Ollantaytambo. Tudo percorrido sem correria.

O guia turístico, transporte, ingressos e almoço estavam inclusos no pacote, que custou R$ 500. Como estava sozinha, valeu a pena porque não precisei ficar correndo atrás de táxi para os deslocamentos. Quem se interessar, vou deixar aqui o link da excursão. Você pode inclusive pagar em reais e parcelado!

ATENÇÃO: se optar por esse tour que eu fiz, você não voltará para Cusco depois de conhecer Pisac no dia 3. Então, reserve estadia em Urubamba, de onde você seguirá na excursão pelo Vale Sagrado no dia seguinte para chegar a Ollantaytambo.

  • Quarto dia

É hora de se despedir de Cusco (temporariamente). Faça check out no hotel e embarque no passeio rumo às salineras de Maras, Moray e Ollantaytambo. Esse itinerário é uma estratégia para otimizar o tempo da viagem e conseguir visitar mais lugares.


As opções de transporte para o deslocamento são:

– Tour guiado de van ou ônibus: verifique se Ollantaytambo é a última parada e se deixam você levar sua mochila. Preços em torno de 70 ou 80 soles por pessoa (25 dólares)

– Vans de lina: Da esquina da calle Pavitos com av. Grau saem microônibus da Real Inka o dia inteiro, que vão a Ollantaytambo via Urubamba por 12 soles (1h45 de viagem). Você fazer Moray e Salineras num tour de meio dia (entre 30 e 40 soles/13 dólares por pessoa) e depois pode usar esse serviço para ir a Ollantaytambo.

– Tour guiado privado, com motorista e guia: as agências vão cobrar entre 170 e 200 dólares pelo carro.

– Tour privado com motorista, sem guia: a Real Inka (av. Grau, 496, esquina Pavitos, tel. 084 24-6245) cobra 80 dólares pelo carro com motorista, sem guia. A TaxiDatum cobra 65 dólares pelo carro com motorista, sem guia.

– Táxi: na calle Pavitos, você pode conseguir um táxi por algo entre 120 e 150 soles (45 dólares).


 

As Salinas de Maras são formadas por  tanques de extração de sal que remontam a dois mil anos, antes até dos incas. Cada um dos tanques é alocado a uma família que mora na região e passado de geração em geração. No local, e possível conhecer um pouco do estilo de vida e do trabalho de uma parte dos moradores do Vale Sagrado. De bônus, ainda tem uma vista sensacional das montanhas e vendem uns chips de banana de comer rezando nas barraquinhas da entrada (#ficaadica)

Já Moray apresenta uma série de terraços escavados na montanha, perfeitamente circulares e concêntricos. À primeira vista, até poderíamos pensar que a estrutura funcionava como uma arena ou um estádio, mas não. Os estudiosos tendem a concordar que Moray era um laboratório agrícola onde sementes eram testadas sob condições diferentes oferecidas por cada ‘degrau’ dos terraços.

A parada final do quarto dia, Ollantaytambo, é um tesouro que passa quase despercebido no roteiro de muitos turistas. Os apressados acabam apenas indo conhecer as imponentes ruínas da fortaleza e ignoram as vielas da parte mais antiga da cidade, que preservam até hoje o mesmo traçado dos tempos incas. Então, não deixe de passar uma noite em Ollanta  para se perder um pouco por elas.

ATENÇÃO: o boleto turístico é necessário para o acesso às ruínas de Moray e entrada na fortaleza de Ollanta

Gisele Barcelos

Jornalista por profissão e planejadora compulsiva de viagens. A mesma dedicação que tenho para conseguir um furo de reportagem, também uso para pesquisar sobre novos destinos e roteiros. Amo compartilhar dicas para ajudar quem sonha começar uma aventura, mas não tem ideia de como planejar. Estou sempre em busca do próximo embarque, com uma mala tamanho P e uma playlist caprichada no celular.

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